|
Sorria, você está sendo filmado
Com etiquetas eletrônicas, supermercado inglês registra imagens do consumidor no ato da compra e no caixa
O supermercado britânico Tesco admitiu que usa, em caráter experimental, uma tecnologia polêmica que monitora os consumidores enquanto compram certos produtos nas lojas. Qualquer um que pegar uma das lâminas de barbear Mach3 da Gillette na loja de Cambridge, no leste da Inglaterra, é fotografado automaticamente.
O Guardian descobriu que a etiqueta eletrônica do produto provoca o disparo da câmera quando é retirado da prateleira. Outra máquina captura uma imagem na caixa registradora. As duas fotografias são comparadas por um funcionário da segurança - levantando a possibilidade de serem usadas para prevenir furtos. A informação do sistema foi passada por Katherine Albrecht, diretora da organização Consumers Against Supermarket Privacy and Invasion and Numbering.
- O consumidor sabe que existe um circuito interno de câmeras na loja - diz um porta-voz da Tesco.
Ele insiste que os testes objetivam a captação de informações de estoque, e não de segurança. Mas o gerente da loja de Cambridge, Alan Robinson, já confirmou que entregara fotos de um ladrão à Polícia.
O teste usa a tecnologia de identificação por radiofreqüência (RFID), que permite a comunicação de microchips com detectores a até seis metros de distância. O chip envia informações - um número serial único ou dados complexos sobre um produto. No caso da Tesco, ele dispara a câmera.
Os distribuidores têm exaltado a tecnologia como o 'cálice sagrado' da logística, mas grupos de defesa da liberdade individual argumentam que os 'chips espiões' são invasores da privacidade dos cidadãos e podem ser usados como dispositivos de vigilância.
A utilização mais freqüente da tecnologia é o controle de caixas de produtos na cadeia de distribuição. Mas os fabricantes querem dar um passo adiante e marcar cada unidade: de iogurte a roupas.
Um problema em potencial com os chips RFID é que eles continuam a funcionar mesmo depois da compra do produto. Se os marcadores eletrônicos se popularizarem, as pessoas ficarão cheios deles nas roupas e objetos pessoais. Será possível saber exatamente o que cada um carrega consigo.
Os fabricantes, no entanto, afirmam que os chips poderão ser desligados no ato da compra.
- É possível apagar os dados do chip no caixa - diz Jon Parsell, da RFID Components, empresa que vende sistemas de identificação.
A Transport for London (TFL), empresa de transportes urbanos da capital inglesa, usa os chips RFID nos novos cartões inteligentes Oyster. Os marcadores guardam dados pessoais dos proprietários e são identificados no próprio bolso ou mochila.
Segundo um porta-voz do TFL, o começo e fim de cada viagem feita por usuários do Oyster são registrados e, tecnicamente, é possível rastreá-los em qualquer lugar da rede do metrô. Nicole Carrol, diretora de Marketing do TranSys, consórcio que implementou o projeto, disse que as viagens feitas permanecem guardadas num computador durante a vida do cartão.
Barry Hugill, da organização Liberty, de defesa da privacidade, diz-se preocupado com o que chama de 'deslocamento da função' - quando a informação recolhida para um propósito serve a outro.
- Queremos transparência legal sobre o as empresas e o governo podem fazer.
The Guardian
fonte: JB online
|
|
|